sexta-feira, 9 de maio de 2008
Onomatopeia frutescente
Hoje andei de mãos dadas com uma casca de banana. O romance foi curto e platónico, mas foram momentos de grande enlace e cumplicidade enquanto percorríamos as ruas nauseabundas e encardidas desta cidade além-Praça do Chile. Foi um amor proibido, socialmente incorrecto e incompreendido, mas ignorámos os olhares surpreendidos e reprovadores dos transeuntes. Tivemo-nos por completo e, durante os breves minutos em que estivemos juntos, fomos seres menos sós no emaranhado universal. Como todos os romances, teve um fim - confesso que algo abrupto e sórdido -, mas senti-me acompanhado e protegido enquanto passeava a minha casca vistosamente amarela, cujo conteúdo, previamente deglutido em público sem sinais de lubricidade dúbia (tenho regras de etiqueta para a deglutição pública de alimentos fálicos), tinha atingido o estado perfeito de maturação. Já não há romance, já não há resquícios do amor que tive por ela, mas tenho-a no arquivo memorial dos momentos perfeitos que não se querem esquecer. Peguei-te, trinquei-te, passeei-te, amei-te e meti-te no lixo...
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3 comentários:
Da próxima vez que andar de casca de banana oxidada nas mãos espero que as lave de seguida!
...E não se esqueça que a casca de banana no chão faz-nos escorregar avenida abaixo!
Não era mais: Peguei, trinquei e meti-te na cesta... Ris e dás-me a volta à cabeça!!! (ok... sou mesmo previsível)
Mas falando sério. Cada vez mais acho que o que nos ajuda a aguentar tudo é mesmo o "arquivo memorial" dos bons momentos e sensações!
Ass: Gattaca
tinygod: eu escrevi "meti-te no lixo", o que não inclui deixar a casca no pavimento de uma qualquer rua!
Gattaca: pois que é... mas também ajuda se continuarmos a ter bons momentos para pôr nesse arquivo!
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