quinta-feira, 20 de agosto de 2009

Onomatopeia desperfilhada

Se calhar o facto de passar o dia todo a fazer castings de palavras, a testá-las, a selecioná-las para inclusão em produções de envergadura invejável, a julgá-las pela sua pertinência e frequência de uso, a estripar os seus sentidos, a perscrutar-lhes os seus significados íntimos, leva a que muitas vezes não consiga fazer a escolha certa de palavras noutras alturas em que o engenho pessoal se deveria sobrepor ao engenho profissional.

Refletindo o outro lado do espelho, também fico feliz por não usar as palavras para descrever com onomatopeias pueris e imitações de timbre de voz infantil as supostas façanhas e desenvolvimentos neurofisiológicos dos meus rebentos filiais. Se criança é o melhor que o mundo tem (pelo menos em alguns mundos que por aí andam), progenitor orgulhoso em excesso está entre o que de mais entediante o mundo tem.

Automedicação: sobredosear a ingestão de cafeína e de nicotina.

1 comentário:

Junta-te ao clube disse...

E apanhar menos sol na cabeça :-P

Ass: Gattaca