terça-feira, 6 de dezembro de 2011

Onomatopeia ninfoliterária

"Poucos minutos depois, estenderam-se ambos no largo sofá da sala e Leonardo deixou que a natureza seguisse o seu curso, como se obedecesse a um juramento secreto e inviolável, a uma ordem ancestral que o induzia a isso e que nenhum deles seria capaz de contrariar. No final, tudo parecia ter-se cumprido naqueles dois corpos sem lhes impor limites ao prazer - um prazer que se esgota em si mesmo, mas que ainda se assim pode parecer inesgotável, na miragem do seu infinito."

in O segredo de Leonardo Volpi, de Fernando Pinto do Amaral, Publicações D. Quixote, cap. 5

Se este é um dos grandes nomes do nosso panorama literário contemporâneo, vou ali e já volto...

Alguém me explica porque é que ainda se metaforiza e eufemiza o sexo desta maneira? É verdade que este trecho não é tão embaraçoso como as cenas pseudoeróticas do Equador, de Miguel Esteves Cardoso, mas não deixa de ser um caso paradigmático no tratamento literário de cenas de cariz sexual entre autores portugueses. Já sabemos que o sexo é animal, instintivo, que não se lhe consegue resistir, que é o último dos prazeres, que se infinitiza nos seus ilimites orgásmicos... mas não seria muito mais interessante de uma maneira coloquialmente pouco literária escrever "Poucos minutos depois, estenderam-se ambos no largo sofá da sala e deram uma queca"?

Uma Pornopopeia lusitana exige-se! Reinaldo Moraes, vem apagar meu fogo!

Vou ali e já volto de qualquer maneira...

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